terça-feira, 30 de março de 2010

Hora do Planeta Compulsória


Neste domingo o Mundo ou pelo menos parte dele desligou as luzes numa forma de economizar e também uma tentativa de preservação daquilo que nunca nos acostumaremos a fazer: cuidar do Planeta. Tudo muito lúdico, tudo muito correto no que inflama o indivíduo a doar a sua parcela de contribuição para essa tísica maratona promovida por alguma espécie de animador de torcida em escala maior. A princípio, manifestações como essas dão resultado na parte boa da grande cidade, ou seja, na que funciona. No subúrbioalém maradentro da cidade muito raramente aconteceria. “Suburbano não pensa em conjunto”; “suburbano não reflete”. quer saber na prestação da grande televisão de plasma, uma espécie de símbolo de status entre os seus, claro. Consome, consome. “Hora do Planeta é coisa de riquinho de Zona Sul”, diz a voz no balcão insalubre de um velho bar no centro da longínqua quase esquecida e limítrofe Pavuna. Ao ouvir tais palavras daquele homem um voluntarioso estudante sentado à mesa o repreende: “se deixarmos as luzes desligadas por uma hora todos juntos diminuiremos a incidência de poluentes e aliviaremos as usinas”, resposta enérgica e cheia de valor moral, pelo menos ao nosso afoito aprendiz. O velho homem volta sua presença para o rapaz, se aproxima da mesa onde ele e outros de sua turma de escola ali estavam, pára e responde ao garoto: eu não preciso e nem tão pouco quero participar da tal Hora do Planeta por que sou praticamente obrigado a ficar sem luz durante horas quando chove ou às vezes por nada mesmo pela Light, portanto eu não contribuo com apenas uma horinha, eu contribuo com diasAquele estudante nada mais disse, doeu na pele, afinal de contas, também sofre com a péssima administração da concessionária e seus achaques e devaneios postos em prática em cada sussurro de temporal. Ele sabe que toda vez que acontece uma queda tem que desligar tudo antes do pico de luz ocorrer e consequentemente danificar algum aparelho.
Vivemos uma verdadeira falta de respeito ao que pagamos. Concessionárias que deveriam prezar pelo bom funcionamento dos seus serviços hoje nos tratam como se nada devessem. Portanto, Hora do Planeta, ou seja, que for não passa de falsete de algum militante ambientalista de orla que não sabe o que se passa depois do túnel onde tudo funciona, mas, precariamente. Na verdade, o que pouco se entende é que suburbano não tem é tempo (ou não o deixam participar) de brincadeiras de megas-cirandas que enquanto coisas mais importantes devem ser observadas, ficamos girando, girando e cantando, cantando músicas de roda.