segunda-feira, 5 de abril de 2010

A educação sob a égide da barbárie




Na escola General Humberto de Souza Mello da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro em Vila Isabel, Zona Norte da cidade aconteceu uma cena que com o decorrer decadente de nosso ensino e valores era prevista sem nenhuma bola de cristal ou mandinga. A diretora ao apartar uma briga de nada menos que dez estudantes é violentamente atacada, espancada e ainda ameaçada de morte pelos mesmos. Não obstante, ao passo de um sabor destrutivo hereditário, familiares de um dos “alunos beligerantesvão à escola numa farândula de ensandecidos para incitar, ameaçar e por fim depredar o prédio da escola. A Polícia no cumprimento rápido de seu dever chega um dia depois do ocorrido face à denúncia 2ª Coordenadoria Regional de Educação responsável pela região. Com isso, a Secretaria de Educação pensa em propor a volta dos antigos inspetores, gentilmente agora chamados de “agentes-educadores”, um paliativo na tentativa de se impor o respeito não aos professores mas, ao que parece, a tudo que cerca o indivíduo pois, com essa escalada de violência estudantil vê-se que o âmbito é bem maior que a simples sala-de-aula.  O que se hoje é a perda de valores não em matéria de educação dentro das escolas, mas, até nas famílias chegando a degradante situação desta mesma estar ao lado em apoio aos atos de um protótipo de monstro social pelos seus pares. E é leviano e hipócrita dizer que isso é coisa de favelado (gentes da comunidade, como dizem os puritanos sociais). Nos condomínios da “gente boa” que desfila em passeatas na Orla contra violência, pregando cruzes na areia da praia; apagando a luz uma hora pra contribuir, ou tirar um peso da culpa da destruição planetária na crença de “estamos fazendo alguma coisasempre no “tudo muito lindo; tudo muito chique”, também existem os que ensinam valores deturpados ou mesmo nem sequer o fazem, pois não nos esqueçamos da empregada espancada porapenas crianças” (palavras do pai de um dos agressores) numa das partes mais excludente e fúteis da cidade. Espancada por ter sido confundida com uma prostituta como se esta também não tivesse o direito de ir e vir, ser respeitada como ser humano e por fim como se nunca nenhum desses subversivos da perfeição não contratasse ou almejasse os serviços destas “meninas”. A salvação da educação é uma ação de todos os indivíduos e responsáveis nessa luta. A queda dos valores ao nosso redor está cada vez mais gritante e isso promove a separação de grupos aumentando um ódio social cada vez mais aflorado e visto no dia-a-dia mas, encerrado e contido nos corações. Com isso, fico me perguntando como agiria um “agente-educador” e comoe como o equipariam. Talvez com spray de pimenta, cacetete e o mais importante, colete à prova de balas. Partindo da premissa que serão certamente ameaçados pelos vândalos escolásticos e que tais valentões de caderno também podem trazer (como houvera em outros estabelecimentos) armas de fogo para dentro da sala. O que deve haver é mais do que uma estrutura pedagógica voltada para o ensino apenas. Há de se pensar num parâmetro de disciplina rígida ao indivíduo, algo esquecido e por muitos visto como antipedagógico. E não é preciso o retorno à palmatória, aindatempo e há muitas propostas em pauta.  A ausência de políticas voltadas à educação descentes devem ser revistas pelo Estado e seus municípios. O achincalhe de salários e condições de trabalho para o educador é prioridade nesta vasta revisão de serviços. Infelizmente, os professores se especializaram no decorrer destas gestões barbarizadoras do ensino em verdadeiros capatazes de petizes, domadores de energúmenos ou mesmo, carcereiros de delinqüentes nas escolas muitas vezes resvalando os últimos suspiros de sua crença na educação nos poucos ávidos pelo conhecimento que dedicam sua atenção ao mestre enquanto o inferno está armado nas outras carteiras de escola. Os educadores lutam por estes que ainda se abraçam na esperança de melhorar sua vida ou mesmo romper com esse determinismo de classe imposto pela mídia e pelos que crêem que o Rio de Janeiro é apenas a parcela que ouve o quebrar das ondas na praia e não o ranger dos metais em marcha nos trilhos de vagões repletos dos que precisam destes valores, dos que precisam ser ouvidos, dos que precisam ser tratados como pessoas.  
 

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